Centenas de casas inundadas, infraestruturas destruídas e alguns distritos
isolados é cenário que se vive após mais uma vaga de chuvas intensas, que
assola a região centro do país, com destaque para as províncias de Zambézia e
Sofala.
Algumas localidades do distrito de Chemba, na província de Sofala, estão
isoladas da vila sede devido a intransitabilidade das vias de acesso, provocada
pela chuva. Além de cortar as estradas, a chuva está a inundar campos agrícolas
o que poderá agravar a situação da fome nos próximos meses.
O governador de Sofala, Alberto Mondlane, disse há dias, que foram activados os comités de gestão de risco de calamidades em todos os distritos, para apoiar as famílias nas zonas vulneráveis, face a chuva que cai na província.
O governador de Sofala, Alberto Mondlane, disse há dias, que foram activados os comités de gestão de risco de calamidades em todos os distritos, para apoiar as famílias nas zonas vulneráveis, face a chuva que cai na província.
“Precisamos estar muito atentos à eclosão de cheias, temos que estar
prevenidos. Temos que tomar todas as providências ao nosso alcance para que
possamos dar a resposta necessária, sobretudo organizar as populações para a
prevenção. Já há sinais de alguns estragos em alguns pontos, estou a falar do
distrito de Chemba, onde já há cortes de algumas vias de acesso devido as
chuvas que estão a cair neste momento”, disse o governador da província de
Sofala, Alberto Mondlane, citado pela emissora nacional.
A situação torna-se mais preocupante com as previsões meteorológicas que
apontam que as províncias de Sofala e Zambézia poderão registar inundações nos
próximos dias, devido ao aumento de escoamento de águas nas bacias de Búzi,
Púnguè e Licungo. A cidade da Beira (a situação na Beira já é descrita como sendo muita critica), Dondo, distrito de Búzi, Chemba,
Gorongosa, Muxúnguè, etc são alguns dos locais que poderão enfrentar
inundações.
Moçambique é um país vulnerável às mudanças climáticas devido a sua
localização geográfica, na zona de convergência inter-tropical e, à jusante de
várias bacias hidrográficas partilhadas, à sua longa costa (2700 km) e à
existência de extensas áreas com altitude abaixo do nível das águas do mar.
Esta localização expõe sobremaneira o país em toda a sua extensão aos fenómenos
naturais que se formam e desenvolvem no Oceano Indico. Em março do passado, o
ciclone Idai fustigou o centro do país, com destaque a província de Sofala,
provocando mais de 600 mortos.
Predomina um pouco por toda a província de Sofala o clima quente chuvoso,
de novembro à abril, fresco e seco, de maio à outubro, por sinal mais longo,
que associados a factores climáticos influenciam negativamente na vida da
população, através de seca severa, inundações, ventos fortes e queimadas
descontroladas.
Ciente da vulnerabilidade aos eventos climáticos descritos, através de um
suposto processo participativo de auscultação das comunidades, o governo tem
elaborado os Planos Locais de Adaptação às Mudanças Climáticas (PLA) que, fazem
um diagnóstico das capacidades locais para fazer face às mudanças climáticas,
identificam as limitações quanto à adaptação às mudanças climáticas, propõem
medidas de mitigação sobre os quais os planos de desenvolvimento devem procurar
alicerçar–se, tendo em conta o impacto nas actividades sócio-económicas,
contudo, os resultados têm sido incipientes. Os governos locais têm enfrentado
dificuldades para acederem aos fundos para a implementação dos PLAs, o acesso
aos mesmos é difuso ou pouco transparente.
Todos os anos, o governo e seus parceiros drenam “rios” de dinheiro ao Instituto Nacional de Gestão de
Calamidades (INGC) para resover os mesmos problemas: Alojar e alimentar pessoas
que perderam suas casas, alocar as mesmas em zonas mais seguras, providenciar
sementes, etc, ou seja, não existe um plano de visa acabar com o problema.
A Livaningo, em nome do consórcio constituído por: ADEL Sofala, Livaningo,
Muleide, Instituto de Patrocinio e Assistência Juridica e Rede de Jornalistas
Amigos de Ambiente, entende que o governo deve se preocupar em implementar
estratégias e programas que possam tornar as comunidades mais resilientes às
mudanças climáticas, com capacidade de se adaptar a essas mudanças ou que
tenham habilidades para evitar que certos perigos.
A Livaningo considera igualmente, que há necessidade de se melhorar o
sistema de comunicação, transmissão de informação e aviso prévio das mudanças
climáticas, principalmente, nas zonas vulneráveis e com baixo acesso aos órgãos
de informação (jornal, televisão, rádio, etc). Esta acção pode minimizar a
perda de milhões de dólares em programas de emergência pós ciclones, cheias
etc.
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