Mais de 300 mulheres no distrito de Cheringoma, província de Sofala, fazem
parte das equipas de fiscalização
e gestão dos recursos florestais e faunisticos locais, após beneficiarem de
treinamento no âmbito do programa Comités de Gestão dos Recursos Naturais em
Sofala: Governação, Direitos e Mudanças Climáticas, implementado pelo consórcio
constituido pela Livaningo, Adel Sofala, Muleide, IPAJ e a Rede de Jornalistas
Amigos do Ambiente.
O pacote de formação dado pela Mulede, em representação ao consórcio, visava empoderar as mulheres para terem voz activa, ocuparem cargos de liderança dentro do comité, participarem activamente dos espaços públicos de tomada de decisão dos assuntos da sua comunidade e também envolver cada vez mais mulheres nas actividades de fiscalização dos recursos florestas e faunísticos. São ao todo sete (7) os comités beneficiados pelo programa no distrito de Cheringoma.
Em conversa com
algumas mulheres, que fazem parte dos comités de gestão de recursos naturais,
mencionaram que para além de conhecerem melhor a
legislação florestal, a formação e o consequente engajamento na fiscalização comunitária, deu-lhes mais
ferramentas para o combate à caça furtiva, corte ilegal de madeira e queimadas descontroladas, que são
acções que tem vindo a prejudicar a sua comunidade, tanto olhando para as
questões de alterações climáticas, como a devastação de florestas nativas.
“Há uns anos, antes
das organizações como a Muleide, Adel Sofala e Livaningo sensibilizarem os
homens sobre os direitos iguais, o trabalho da fiscalização era somente para os
homens, mas agora temos a oportunidade de ajudarmos. Estamos felizes”, comentou
Chica Marcos de 39 anos de idade, visivelmente emocionada.
Embora se sintam
satisfeitas em puderem fiscalizar os recursos naturais locais, lado a lado com
os homens, as mulheres fiscais comunitárias de Chidanga apontam alguns
desafios.
“Sinto-me feliz por
fazer parte da fiscalização comunitária, mas ainda temos dificuldades para
enfrentar os furtivos que ameaçam a integridade fisica”, disse Helena Ncoca de
41 anos de idade, justificando que os fiscais comunitários não possuem meios
como botas, luvas, armas, etc. “Os exploradores ilegais dos recursos naturais
dispõem de todo o tipo de instrumentos para intentar com a integridade fisica
dos que fiscalizam as actividades ilegais na floresta”.
Apesar dos desafios
elencados, Custégia Burramo considera
que não há dificuldade que possa tirar a alegria de fazer trabalhos com os
homens sem distinção de género. “Fazemos os mesmos trabalhos com os homens,
visando proteger os interesses comuns. Isso era impensável há alguns anos, por isso, quero agradecer às organizações que têm
oferecido treinamento em matérias de direitos, equidade de género e mudanças
climáticas.”
Para os presidentes
de alguns Comités de Gestão dos Recursos Naturais de Cheringoma, as mulheres têm desempenhado um papel importante na identificação e denúncia dos furtivos e
contribuição para que o comité receba os 20% que são resultantes da exploração
desses recursos florestais que estamos a proteger e como fruto da canalização
dos 20% e envolvimento activo das mulheres no processo de tomada de decisao do
uso dos 20%, no ano passado, a comunidade de Chidanga comprou uma moageira que
custou 120 mil meticais com dois moinhos de 40 mil meticias cada e meteram
energia que custou 25 mil meticais e isso tem beneficiado não só as mulheres do
comités, como também as mulheres das comunidade e a nos também homens. “Esses
ganhos só foram possiveis com a ajuda do consórcio Comité de Gestão de Recursos
Naturais de Sofala”, referiu o presidente do Comité de Gestão de Recursos
Naturais de Chidanga, Chico Thuboy, e o forte engajamento da mulher nas tomadas
de decisão.
Por sua vez, o
régulo de Chidanga, Fernando Botão, pediu para que o programa Comités de Gestão
dos Recursos Naturais em Sofala: Governação, Direitos e Mudanças Climáticas não
esmoreça e que continue a doptar as comunidades locais de ferramentas que
garantam direitos e o bem-estar das populações.
Para o presidente
do CGRN de Guma, Rui Quembo, 52 anos de idade, a inclusão do género nas actividades
do comité é satisfatória, porque “as pessoas já sabem que homens e mulheres têm
direitos iguais e, por isso, trabalham juntos sem nenhuma discriminação. Rui
explicou que as mulheres da comunidade têm monitorado a qualidade da água que
as vezes é envenenada pelos malfeitores. “Elas notam logo quando a água está
contaminada e comunicam aos homens”, disse.
O programa “Comités
de Gestão dos Recursos Naturais em Sofala: Governação, Direitos e Mudanças
Climáticas”, está a ser implementado em Sofala, nos distritos de Cheringoma,
Marínguè e Gorongosa e financiado pela Sustainable Energy (SE) da Dinamarca.
O principal
objectivo do programa é gerar conhecimentos aos Comités de Gestão dos Recursos
Naturais, contribuir no reforço das capacidades de adaptação às mudanças
climáticas nas comunidades e melhorar a eficiência dos mecanismos de
canalização dos 20%, provenientes das receitas da exploração dos recursos
florestais e faunísticos e 50% aos denunciantes resultantes do pagamento de
multas pelos infractores que transgrediram a legislação florestal.

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