Basta um olhar mais atento para perceber o quanto cresceu a ocupação do
mangal ὰ margem do rio Matola. Praticamente toda a margem
foi invadida por casas, na sua maioria com material de construção precário.
Mateus Muchanga, chefe do quarteirão “42”, residente no bairro Matola “A”,
próximo ὰ margem do rio, desde o
ano 90, afirmou que as pessoas estão a destruir o mangal com a construção de
moradias. “Estamos a prejudicar o nosso meio ambiente na medida que vamos
destruindo o mangal. As pessoas constroem casas na calada da
noite. Sensibilizamos as pessoas para não construírem numa área imprópria para habitação, mas fazem ouvidos de mercador”, queixou-se Muchanga.
Para além da invasão das casas, o desflorestamento tomou conta do mangal,
um problema que não só prejudica o mangal, mas também a saúde ambiental, uma
vez que na medida que vão cortando as estacas, contribuem para a destruição de
habitats, redução da biodiversidade, aceleração da erosão, fraca produtividade ecológica,
empobrecimento dos solos, entre outros problemas.
Neste contexto, Manuel Muchanga pede que uma intervenção urgente para
salvar o mangal “a área já foi devastada e a ocupação pode crescer, se nenhuma
intervenção for feita com urgência, o governo tem que fazer alguma coisa para
impedir mais construções desordenadas naquela área”, apelou.
Reduziu a quantidade de peixe capturado por conta
da destruição do mangal
De acordo os pescadores, a destruição do mangal contribuiu para a redução
do pescado no rio Matola. “Há 20 anos o mangal era
fechado, contudo, o quadro actual é desolador. O
desparecimento do mangal contribuiu para a redução do pescado neste rio. Isto
porque o peixe se alimenta também de algas e algumas raízes proveniente do
mangal. Antes conseguíamos encher o barco grande de peixe, em apenas três horas.
Tínhamos peixe para oferecer a nossa população. Agora isso é quase impossível, saímos às 4 horas da manhã, ficamos todo o dia no rio e só
voltamos talvez com 30 quilos, ou 60 num dia de sorte, e o peixe é pequeno. Com
esta situação, não conseguimos sustentar a nossa família”, desabafou Luis
Jafar.
O outro problema que contribui para o fraco pescado no rio Matola tem a ver
com a poluição da água por parte de algumas fábricas, como é o caso da Mozal. “Existem fábricas que descarregam sujidade neste rio. Os peixes não
suportam os resíduos e acabam por fugir para locais onde podem sobreviver”,
segundou Benjamim Sidónio.
Para mitigar a situação, os pescadores dizem
proíbem as pessoas de cortar as arvores do mangal. “Se alguém é encontrado a cortar ou com uma estaca, nós capturamos e entregamos as autoridades do bairro”,
disse Benjamim.
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