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terça-feira, 6 de agosto de 2019

Abate indiscriminado de árvores contribui para seca em Magude



Milhares de hectares de florestas já foram destruídos no distrito de Magude, mais concretamente em Nhongane, local que dista a 20 km de vila sede.  Esta destruição está directamente ligada à produção de carvão vegetal e lenha para a venda e consumo doméstico.

Nesta localidade, a produção de carvão é a principal fonte de renda de muitas famílias. No entanto, as pessoas conhecem os riscos ambientais causados pelo corte das árvores, mas dizem que não têm outras alternativas para a situação desastrosa que se encontram. Por exemplo, Francisco Matusse, pai de quatro filhos, afirma que o corte de árvores para produção de carvão e lenha é única alternativa para o sustento.


“Reconheço que estamos a destruir a nossa floresta, e que esta seca seja resultante desta prática de corte de árvores, mas devido à falta de chuva aqui em Nhongane, não conseguimos produzir comida nas machambas, e para garantir nosso sustento, fazemos o corte de lenha e produção de carvão e vendemos. Cada carrada vendemos a 600 maticais, e o valor serve para comprar mantimentos. A água é muito cara, porque pagamos 10 meticais por bidão de 20 litros. Não é fácil para nós. Estamos desesperados, a clamar por ajuda. ”

 “Percorremos grandes distâncias para cortar as árvores”


Francisco explica que a distância para onde é feita o abate de árvores é muito longapercorremos uma distância de cerca de 20 quilômetros, porque aqui perto já não temos árvores, está um deserto. E depois de cortarmos as árvores segue outro processo muito doloroso e moroso. Esperamos uma semana para os troncos secarem. Em seguida, colocamos os troncos numa fogueira, durante alguns dias e assim temos o carvão pronto para ser vendido. A lenha para o consumo carregamos na cabeça porque não temos transporte”, contou.

Estamos a morrer por conta do calor

A seca fustiga a localidade de Nhongane e o desespero toma conta da comunidade. Segundo Francisco, as temperaturas altas têm provocado doenças “estamos a passar mal, as poucas árvores que temos, estão a secar. Não temos sombras, o calor vai aumentando a cada dia. Pessoalmente sofro da pressão arterial. Para piorar não temos água.  Estamos a ficar desidratados. O meu corpo não aguenta. Se isso prolongar vamos morrer”, lamentou.


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