Milhares de hectares de
florestas já foram destruídos no distrito de Magude, mais concretamente em
Nhongane, local que dista a 20 km de vila sede. Esta destruição está directamente ligada à
produção de carvão vegetal e lenha
para a venda e consumo doméstico.
Nesta localidade, a produção
de carvão é a principal fonte de renda de muitas famílias. No entanto, as pessoas conhecem
os riscos ambientais causados pelo corte das árvores, mas dizem que não têm
outras alternativas para a situação desastrosa que se encontram. Por exemplo,
Francisco Matusse, pai de quatro filhos, afirma que o corte de árvores para produção
de carvão e lenha é única alternativa para o sustento.
“Reconheço que estamos a
destruir a nossa floresta, e que esta seca seja resultante desta prática de
corte de árvores, mas devido à falta de chuva aqui em Nhongane, não conseguimos
produzir comida nas machambas, e para garantir nosso sustento, fazemos o corte
de lenha e produção de carvão e vendemos. Cada carrada vendemos a 600 maticais,
e o valor serve para comprar mantimentos. A água é muito cara, porque pagamos 10
meticais por bidão de 20 litros. Não é fácil para nós. Estamos desesperados, a
clamar por ajuda. ”
“Percorremos grandes distâncias para cortar as
árvores”
Francisco explica que a distância
para onde é feita o abate de árvores é muito longa “percorremos uma distância de cerca de 20 quilômetros, porque aqui
perto já não temos árvores, está um deserto. E depois de cortarmos as árvores
segue outro processo muito doloroso e moroso. Esperamos uma semana para os
troncos secarem. Em seguida, colocamos os troncos numa fogueira, durante alguns
dias e assim temos o carvão pronto para ser vendido. A lenha para o consumo carregamos
na cabeça porque
não temos transporte”, contou.
Estamos a morrer por conta do
calor
A seca fustiga a localidade de Nhongane e o desespero toma conta da
comunidade. Segundo Francisco, as temperaturas altas têm provocado doenças “estamos a passar mal, as poucas árvores que temos, estão a secar. Não temos sombras, o calor vai aumentando
a cada dia. Pessoalmente sofro da pressão arterial. Para piorar não temos água. Estamos a ficar desidratados. O meu corpo não
aguenta. Se isso prolongar vamos morrer”, lamentou.
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