Slide

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Mulheres de Gorongosa mais proactivas na gestão dos recursos naturais e empoderadas economicamente



O consórcio constituído pela Livaningo, Muleide, ADEL Sofala, Instituto de Assistência e Patrocínio Jurídico, Rede de Jornalistas Amigos do Ambiente no âmbito do programa ”Comités de Gestão dos Recursos Naturais em Sofala”: Governação, Direitos e Mudanças Climáticas que está a ser implementado em 15 comunidades de Maringue e Gorongosa”, tem dado uma especial atenção as questões de igualdade, equidade e justiça de género. O consórcio acredita que as mulheres constituem uma peça fundamental na preservação, gestão e uso sustentável dos recursos naturais.

Os membros dos Comités de Gestão de Recursos Naturais de Gorongosa (Canda, Tambarara, Cudzo, Nhambita e Nhangau) vem recebendo formações sobre equidade e justiça de género. No início da implementação do programa havia um número bastante reduzido de mulheres dentro dos comités e nos cargos de tomada de decisão. A título de exemplo: O Comité de Tambarara tem no total de 42 membros e pelo menos 16 são mulheres.

As mulheres do comité têm beneficiado de várias formações sobre de género, emponderamento da mulher com intuito de doptar as mesmas de conhecimentos sólidos sobre as questões de igualdade, equidade e justiça de género para que saibam lidar com as questões do seu dia-a-dia e lutem pelo seu espaço na comunidade e na sociedade no geral.

Elas têm igualmente beneficiado de formações sobre a legislação, gestão de negócios, produção e venda de fogões poupa lenha para que conheçam os seus direitos e adquiram novas capacidades e habilidades para fazer face as suas necessidades. As mulheres do comité têm transmitido esses conhecimentos para outras mulheres para que todas conheçam os seus direitos e lutem para ter os mesmos espaços, oportunidades que os homens. Actualmente existem três grupos de poupança (29 de Maio, 7 de Abril, 5 de Setembro) onde fazem parte não só as mulheres do comité mas também da comunidade.

As mulheres do comité têm um papel relevante na comunidade e servem de ligação entre os dois grupos. Elas canalizam as suas preocupações ao comité e nas reuniões das comunidades sobre gestão de negócios, poupança e crédito rotativo e produção de fogões poupa lenha. 

Mulheres mais respeitadas e com voz activa nas comunidades

Maria Ernesto João, membro do comité de Tambarara, diz que com a capacitação sobre gestão de negócio, aprendeu a gerir melhor os seus negócios. Contou que as mulheres já sabem que devem fazer o estudo do mercado antes de colocarem os seus produtos a venda, visando garantir que tenham lucros. Com os rendimentos da venda de fogões melhorados, lâmpadas solares e outros produtos, conseguem levar uma parte do dinheiro para os grupos de poupança. 
” Com as formações temos aprendido muito e já sabemos que não devemos esperar pelos nossos cônjuges para nos dar dinheiro, nós mulheres podemos e devemos fazer algo para ter dinheiro que precisamos para as nossas necessidades, agora sentimos que somos mais valorizadas como mulheres dentro de casa” disse Maria.

Alzira Jeremias, membro do comité de Nhangau,  revelou que antes era muito difícil conseguir dinheiro para ajudar com as dispensas de casa, mas agora, com o dinheiro da poupança, já consegue custear as despesas domésticas e da escola do seu filho. “Me senti muito feliz e orgulhosa quando no final do ano passado, pude com o meu dinheiro ajudar o meu cônjuge na construção da nossa casa e percebi que sou mais respeitada pela familia. Ganhei mais respeito por parte do meu cônjuge e já fazemos planos juntos”, contou Alzira com sorriso estampado no rosto.

“Com a capacitação de produção de fogões poupa lenha, nós mulheres já não sofremos em percorrer longas distâncias quase todos dias, a busca de lenha. Com uso desses fogões conseguimos poupar a lenha e cozinhamos  sem precisar abater de forma excessiva as árvores. Esses fogões não só evitam o abate indiscriminado de árvores mas também nos protege de doenças respiratórias, uma vez que inalavamos o fumo da lenha diariamente”, disse por sua vez Marta do comitê de Nhambita.

As comunidades de Gorongosa sofreram com o impacto das mudanças climáticas e o ciclone Idai, que destruiu machambas e culturas.
“Estamos numa fase muito difícil, marcada pela fome. Temos tido ajuda por parte do governo e algumas organizações mas nunca é suficiente. o pouco dinheiro que havíamos guardado nas nossas poupanças estamos a usar para tentar nos reerguer, voltar a fazer os nossos negócios para poder ter dinheiro para comprar comida, reconstruir as nossas vidas aos poucos”, disse Francisca Luis do comite de Canda.

Apesar de ainda constituir um desafio alcançar a justiça de género, o consórcio acredita que com as suas acções comseguiu algumas mudanças com um impacto positivo na forma como as mulheres são vistas na sociedade. Actualmente, as mulheres já são reconhecidas como um actor relevante, com capacidades de opinar, discutir e ajudar no desenvolvimento da comunidade.

São Membros do consórcio: Livaningo, Muleide, ADEL Sofala, instituto de Assistência e Patrocínio Jurídico, Rede de Jornalistas Amigos do Ambiente e o programa é financiado pela Sustainable Energy (SE) da Dinamarca.

Sem comentários:

Enviar um comentário