Chamo-me Alzira Jeremias, tenho 48 anos, sou natural de Maputo e vivo na comunidade de Nhanguo, há mais de 12 anos. Faço parte do Comité de Gestão de Recursos Naturais de Nhanguo desde Agosto de 2017. Nos últimos seis meses, a mudança mais significativa que verifiquei na comunidade é a forma como a mesma se organiza para reagir às mudanças do tempo. Para além das sementes nativas recorremos ao uso de sementes melhoradas na mesma machamba para aumentar a produção.
Quando cheguei à comunidade de Nhanguo, havia uma boa produção agrícola e esse foi um dos motivos que me fez não regressar a Maputo, infelizmente, devido as mudanças climáticas a produção agrícola baixou muito. Há muita seca, facto que contribui para a retirada de nutrientes no solo.
Acredito que essas mudanças de tempo são causadas pela perda da nossa tradição e cultura, pois antes era normal fazermos encontros na comunidade, para falar da importância dos recursos, do respeito pelas leis tradicionais e da cultura, e, também, fazíamos cerimónias tradicionais para agradar os nossos antepassados, mas todos esses bons hábitos se esfumaram com o tempo.
Toda esta mudança tem afectado muito a minha vida, que ficou mais cara, já passamos fome.
Apesar de tudo, a comunidade tem encontrado formas de se adaptar às alterações climáticas, como recorrer as sementes nativas e melhoradas para os mesmos campos agrícolas, visando incrementar a produção.
As sementes nativas também conservamos para a época agrícola seguinte e as melhoradas apenas para o nosso consumo e venda. A semente melhorada requer melhores condições de conservação, algo difícil de responder no meio rural.
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